sábado, 12 de dezembro de 2009

A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

A essencialidade das organizações na vida pessoas leva
alguns expertos a considerarem que os tempos atuais configuram
uma “época managerial” e a sociedade hodierna conforma
uma “sociedade de organizações”, cujo paradigma é a
empresa. Esta concepção ganha tal força que a transformação
das organizações, com a empresa desempenhando um
papel de exemplo ou modelo, é vista como o caminho para
a melhoria da humanidade. A empresa é compreendida
como um motor para a renovação social e todas as organizações
e os que nelas trabalham devem buscar aprender da
ética empresarial o modo de atuação exigido a fim de que
possam sobreviver, crescer e superar-se, evitando os defeitos
anteriores e propondo valores adequados a esta reconstituição
proposta5. Disto também decorre o uso indistinto dos
termos ética organizacional ou nas organizações; ética empresarial
ou nas empresas e ética nos negócios. No Brasil,
registra-se uma preferência pelo uso das expressões ética nas
organizações ou organizacional e ética nos negócios, provavelmente
pela mencionada influência do idioma inglês que
utiliza business ethics e organizational ethics.
Cabe ressaltar que embora no presente trabalho a reflexão
restrinja-se ao âmbito organizacional, não se desconhece
o fato de que a ética empresarial ocorre no contexto da ética
social e que também tem peso a ética pessoal de cada membro
da organização. Pode-se dizer que a ética organizacional
representa a confluência de uma mobilização de cidadania e
de uma opção da consciência individual. Desde suas origens
na Antiga Grécia a ética convida a forjar-se um bom caráter
que leve a boas escolhas. O caráter que uma pessoa tem é
decisivo para sua vida, pois, ainda que os fatores externos
condicionem em um sentido ou outro o caráter, se a pessoa o
assumir, é o centro último da decisão, pois a ética é uma prá-
A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES *
INTRODUÇÃO
tica irrenunciavelmente individual, intransferível e íntima.
Porém, é oportuno lembrar que as organizações com seus
valores influenciam neste processo decisório podendo facilitar
as boas escolhas ou torná-las um ato heróico de quem assim
queira agir, pois a ética pessoal assinala que existem situações
nas quais é necessário confrontar o grupo ou a comunidade
a que se pertence e atuar de maneira determinada sem
importar-se com os interesses afetados. Portanto pode-se dizer
que o primeiro sentido da ética é um saber que pretende
orientar as pessoas na forja do caráter5,16,18.
A ética social, que acompanha a experiência do
pluralismo religioso, político e moral reconhecido como o
ideal de sociabilidade, consiste em um denominador comum
compartido pela sociedade em meio a esta diversidade. Compreende
a fecundidade da convivência de concepções distintas
e defende que cada qual tem direito de tentar levar a
cabo seu projeto de felicidade sempre que isto não impossibilite
aos demais também o concretizarem. Ela parte da convicção
de que cada membro da sociedade é um cidadão capaz
de tomar decisões como um sujeito ético autônomo.
Assim, um dos primeiros valores que compõem a ética social
é o da autonomia ética com seu correspondente político, a
cidadania. A estes junta-se a igualdade, entendida como a
consecução de iguais oportunidades para todos desenvolverem
suas capacidades, corrigidas as desigualdades naturais e
sociais e eliminada a dominação de uns pelos outros já que
todos são iguais enquanto autônomos e capacitados para a
cidadania. Estes valores da ética social servem de guia para
as ações, mas para que eles sejam encarnados na vida das
pessoas e das instituições é necessário concretizá-los e os direitos
humanos,

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